19 Outubro 2022
62.º Campo de Trabalho: voluntários realizam ações de conservação da natureza e vivem experiência comunitária única

Grupo de voluntários. Fotografia Selene Selmin.
O 62.º Campo de Trabalho Voluntário Internacional - Conservação da Natureza, organizado pela Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, realizou-se entre os dias 14 e 29 de agosto de 2022 na aldeia de Uva, no concelho de Vimioso, distrito de Bragança, e juntou dez voluntários que contribuíram de forma ativa para a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas locais, ao mesmo tempo que tiveram a oportunidade de viver em comunidade e conhecer a cultura local, o património rural, as artes e ofícios e o território.
Este CTVI decorreu no âmbito do projeto "Hands on - Volunteering teams for Rural and Natural Heritage”, financiado pelo Corpo Europeu de Solidariedade da União Europeia, e teve como parceiros o CESC Project e o SolSal - Salesianos do Porto.
Durante este Campo de Trabalho, foram várias as atividades realizadas pelos voluntários portugueses e italianos, como construção de caixas ninho para aves, caiação de pombais tradicionais da aldeia, controlo de espécies vegetais invasoras, reconstrução de muros de pedra seca (habitat de répteis e pequenos mamíferos), assim como limpeza de resíduos em linhas de água do rio Angueira, nomeadamente em Uva, Vila Chã da Ribeira e praia fluvial de Uva.
Nas atividades de recolha de resíduos, foram encontrados maioritariamente materiais plásticos e metálicos, sendo os “baraços azuis” os mais recolhidos. O baraço é um fio agrícola de polipropileno que polui o ambiente e não é biodegradável. Este material é dos que mais poluem os ecossistemas rurais, pelo que a sua substituição pelo fio de sisal torna-se fundamental para garantir uma agricultura ecológica, sustentável e livre de plásticos. A este propósito, a AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, em parceria com a Palombar, desenvolveu o projeto “Enfardar Naturalmente - Transição para uma Agricultura Ecológica”, que tem como objeto principal o desenvolvimento de uma campanha de sensibilização ambiental que promova a substituição do fio agrícola de polipropileno (também conhecido por baraço, normalmente de cor azul) pelo fio de sisal, uma fibra 100% natural. Saiba mais e faça a transição para uma agricultura sustentável.
O CTVI também promoveu um “Dia Aberto”, a 27 de agosto, durante o qual a comunidade de Uva pôde realizar atividades como a caiação de um pombal e manutenção da sede da Palombar, no período da manhã; sendo a parte da tarde dedicada a jogos tradicionais e a uma sessão de anilhagem de aves. O dia terminou em grande com a atuação de música tradicional e um jantar comunitário na aldeia.
O que diz quem participou?
Os voluntários contam-nos como foi participar neste CTVI e o que de melhor levam desta experiência.
“Foi uma experiência incrível, pois participámos em atividades bastante variadas e com níveis de exigência diferentes. Adorei cada atividade, pois nestas consegui aprender muito sobre cada técnica de trabalho, conhecimentos que, com certeza, vou levar para a minha vida. Uma mais-valia desta experiência foi também poder contactar com outras culturas e promover a aprendizagem, partilha e entreajuda. O que mais me impressionou foram todas as atividades de lazer, nas quais fomos visitar os produtores e artesãos locais, que, amavelmente, partilharam as suas histórias de vida e explicaram mais um pouco sobre a sua arte. Uma atividade que também me marcou bastante foi o ‘Birdwatching’ e a anilhagem, pois nunca tinha feito e o facto de ter conseguido observar os pássaros e compreender todo o processo da anilhagem foi uma experiência muito gratificante para mim, pois aprendi imenso."
Ana Costa
“O Campo de Trabalho foi uma experiência incrível por vários aspetos: dá-te a possibilidade de aprender muito e voltar com uma nova bagagem de conhecimento, deixa-te conectado com a natureza e desligado do resto. Permite também conhecer uma nova cultura e mergulhar nela, através do intercâmbio com os outros voluntários, a equipa da associação e os habitantes locais. Transporta-te diretamente para uma nova dimensão: fazes parte de um projeto, de um grupo e tornas-te parte de uma comunidade. Este CTVI é como uma grande família que te recebe de braços abertos e um pequeno mundo onde te podes instalar. A comunidade e todo o ambiente natural foram os elementos que mais me impressionaram durante a minha estadia em Uva. Desde o momento em que cheguei lá, senti-me parte de alguma coisa, entramos nessa comunidade e passamos a fazer parte dela espontaneamente, sem nenhuma formalidade ou dificuldade. Não nos sentimos um estranho; Uva tem o grande poder de fazer com que nos sintamos em casa. E isso acontece graças à associação e a todas as pessoas que decidem ficar lá, acreditam naquele lugar e colaboram com os locais, e graças à hospitalidade da comunidade local. O outro aspeto é a natureza, que é um elemento dominante em Uva e na própria experiência; tem o seu próprio papel e podemos vivenciá-la tanto quanto as pessoas que estão lá. Não consigo pensar em Uva sem pensar na paisagem, no Planalto, nos matos, nos Lameiros, no rio Angueira, no Pombal, no calor, nos burros, nas moscas, no som dos pássaros e nada mais.”
Martina Mercur
“Eu adorei a experiência, foi, sem dúvida, algo que me marcou, e isso foi notório no dia da despedida, porque sentia que estava a deixar parte de mim para trás. Parte de mim queria ficar e continuar a viver esta extraordinária experiência. Fomos muito bem recebidos e todas as pessoas que conhecemos foram impecáveis para nós. Penso que foi um abre olhos para como se pode viver no interior de Portugal. O que mais me impressionou foi a ligação com a natureza e com os velhos costumes da aldeia. Algo que parece ser um pensamento tão longínquo, mas que está apenas a duas horas e meia de viagem. Até a experiência de tentar controlar uma inundação foi algo incrível, que mostrou como não existe barreira linguística quando é necessário trabalhar em equipa. Dois momentos altos para mim foram a observação das aves e também a oficina do Sr. Antão. Não foram os únicos, mas serão, sem dúvida, alguns momentos que vou guardar comigo para sempre.”
Fábio Magalhães
“Posso dizer que superou as minhas expetativas, desde a chegada à partida, experienciei sempre a cada dia ao máximo todas as atividades/visitas realizadas, posso afirmar que quero repetir a experiência. O que mais me impressionou neste Campo de Trabalho foi a entreajuda que existiu entre todos nós, em especial quando a camarata ficou inundada devido às cheias que aconteceram em Uva, parecia que o mundo iria acabar, todos a ‘remarem’ para o mesmo lado, todos a cooperarem na mesma causa, nunca pensei experienciar uma aventura destas.”
Tiago Cunha
“Eu gostei imenso da experiência, todas as atividades foram super enriquecedoras. Durante as duas semanas de trabalho aprendi imenso. O que mais me impressionou neste CTVI foi o trabalho em equipa, mesmo sendo todos diferentes na cultura, nas maneiras de ser, conseguimos trabalhar todos em conjunto e fazer aquilo que nos era pedido.”
Ana Brito
“Eu gostei muito deste CTVI, de cada momento e de cada tipo de trabalho. O que mais me impressionou foi, claro, a participação da comunidade durante o ‘Dia Aberto’, foi um prazer ver as pessoas a colaborar e a participar nas várias atividades que todos nós organizámos”.
Sara Palumbo (monitora)
“No aspeto da minha dimensão individual, esta experiência permitiu-me realizar um desejo constante, mas reprimido durante dois anos, de conhecer novas pessoas em novas dinâmicas, em lugares nunca antes vistos. Tive uma grande necessidade de o concretizar e ter satisfeito, para já, este desejo que, na realidade, nunca acaba, foi muito importante para mim. O outro aspeto que esta experiência me suscitou foi estar em grupo, levar uma vida comunitária durante 15 dias. As pessoas que conheci, as afinidades que encontrei, as atividades de trabalho e até o dormitório e a cozinha satisfizeram plenamente o meu desejo de passar o tempo numa dimensão comunitária, onde todos trabalham uns pelos outros. O contexto rural e o ambiente natural tiveram uma influência abrangente na minha serenidade física e mental. As paisagens naturais, mas também as das pequenas aldeias, absorveram-me totalmente num turbilhão de paz e tranquilidade. Um dos momentos que recordo com mais prazer foi o da chegada. Na noite da minha chegada a Serapicos, embora me sentisse exausto da jornada que começou de madrugada, não pude deixar de me alegrar com a calorosa receção que nos foi dada pelo dono do bar da vila, Felipe, que nos ofereceu um número imprudente de cervejas e corou ternamente os meus pais. Parabéns pela sua gentileza e pelo seu rosto bonito. Este Campo de Trabalho permitiu-me adquirir novos conhecimentos técnicos que considero importantes sobretudo para o meu crescimento profissional porque me permitiram colocar novas questões para as quais posso tentar procurar respostas no futuro: exemplos são as espécies invasoras como o eucalipto e o lagostim-vermelho-da-Louisiana, o papel que um pombal pode desempenhar ou mesmo as bases que me foram dadas para a construção de muros de pedra seca. A minha ideia para o futuro é aprofundar essas questões e sempre encontrar novas para pensar e me fazer outras perguntas”.
Teresa Carputo
Este CTVI decorreu no âmbito do projeto "Hands on - Volunteering teams for Rural and Natural Heritage”, financiado pelo Corpo Europeu de Solidariedade da União Europeia, e teve como parceiros o CESC Project e o SolSal - Salesianos do Porto.
Durante este Campo de Trabalho, foram várias as atividades realizadas pelos voluntários portugueses e italianos, como construção de caixas ninho para aves, caiação de pombais tradicionais da aldeia, controlo de espécies vegetais invasoras, reconstrução de muros de pedra seca (habitat de répteis e pequenos mamíferos), assim como limpeza de resíduos em linhas de água do rio Angueira, nomeadamente em Uva, Vila Chã da Ribeira e praia fluvial de Uva.
Nas atividades de recolha de resíduos, foram encontrados maioritariamente materiais plásticos e metálicos, sendo os “baraços azuis” os mais recolhidos. O baraço é um fio agrícola de polipropileno que polui o ambiente e não é biodegradável. Este material é dos que mais poluem os ecossistemas rurais, pelo que a sua substituição pelo fio de sisal torna-se fundamental para garantir uma agricultura ecológica, sustentável e livre de plásticos. A este propósito, a AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, em parceria com a Palombar, desenvolveu o projeto “Enfardar Naturalmente - Transição para uma Agricultura Ecológica”, que tem como objeto principal o desenvolvimento de uma campanha de sensibilização ambiental que promova a substituição do fio agrícola de polipropileno (também conhecido por baraço, normalmente de cor azul) pelo fio de sisal, uma fibra 100% natural. Saiba mais e faça a transição para uma agricultura sustentável.
O CTVI também promoveu um “Dia Aberto”, a 27 de agosto, durante o qual a comunidade de Uva pôde realizar atividades como a caiação de um pombal e manutenção da sede da Palombar, no período da manhã; sendo a parte da tarde dedicada a jogos tradicionais e a uma sessão de anilhagem de aves. O dia terminou em grande com a atuação de música tradicional e um jantar comunitário na aldeia.
O que diz quem participou?
Os voluntários contam-nos como foi participar neste CTVI e o que de melhor levam desta experiência.
“Foi uma experiência incrível, pois participámos em atividades bastante variadas e com níveis de exigência diferentes. Adorei cada atividade, pois nestas consegui aprender muito sobre cada técnica de trabalho, conhecimentos que, com certeza, vou levar para a minha vida. Uma mais-valia desta experiência foi também poder contactar com outras culturas e promover a aprendizagem, partilha e entreajuda. O que mais me impressionou foram todas as atividades de lazer, nas quais fomos visitar os produtores e artesãos locais, que, amavelmente, partilharam as suas histórias de vida e explicaram mais um pouco sobre a sua arte. Uma atividade que também me marcou bastante foi o ‘Birdwatching’ e a anilhagem, pois nunca tinha feito e o facto de ter conseguido observar os pássaros e compreender todo o processo da anilhagem foi uma experiência muito gratificante para mim, pois aprendi imenso."
Ana Costa
“O Campo de Trabalho foi uma experiência incrível por vários aspetos: dá-te a possibilidade de aprender muito e voltar com uma nova bagagem de conhecimento, deixa-te conectado com a natureza e desligado do resto. Permite também conhecer uma nova cultura e mergulhar nela, através do intercâmbio com os outros voluntários, a equipa da associação e os habitantes locais. Transporta-te diretamente para uma nova dimensão: fazes parte de um projeto, de um grupo e tornas-te parte de uma comunidade. Este CTVI é como uma grande família que te recebe de braços abertos e um pequeno mundo onde te podes instalar. A comunidade e todo o ambiente natural foram os elementos que mais me impressionaram durante a minha estadia em Uva. Desde o momento em que cheguei lá, senti-me parte de alguma coisa, entramos nessa comunidade e passamos a fazer parte dela espontaneamente, sem nenhuma formalidade ou dificuldade. Não nos sentimos um estranho; Uva tem o grande poder de fazer com que nos sintamos em casa. E isso acontece graças à associação e a todas as pessoas que decidem ficar lá, acreditam naquele lugar e colaboram com os locais, e graças à hospitalidade da comunidade local. O outro aspeto é a natureza, que é um elemento dominante em Uva e na própria experiência; tem o seu próprio papel e podemos vivenciá-la tanto quanto as pessoas que estão lá. Não consigo pensar em Uva sem pensar na paisagem, no Planalto, nos matos, nos Lameiros, no rio Angueira, no Pombal, no calor, nos burros, nas moscas, no som dos pássaros e nada mais.”
Martina Mercur
“Eu adorei a experiência, foi, sem dúvida, algo que me marcou, e isso foi notório no dia da despedida, porque sentia que estava a deixar parte de mim para trás. Parte de mim queria ficar e continuar a viver esta extraordinária experiência. Fomos muito bem recebidos e todas as pessoas que conhecemos foram impecáveis para nós. Penso que foi um abre olhos para como se pode viver no interior de Portugal. O que mais me impressionou foi a ligação com a natureza e com os velhos costumes da aldeia. Algo que parece ser um pensamento tão longínquo, mas que está apenas a duas horas e meia de viagem. Até a experiência de tentar controlar uma inundação foi algo incrível, que mostrou como não existe barreira linguística quando é necessário trabalhar em equipa. Dois momentos altos para mim foram a observação das aves e também a oficina do Sr. Antão. Não foram os únicos, mas serão, sem dúvida, alguns momentos que vou guardar comigo para sempre.”
Fábio Magalhães
“Posso dizer que superou as minhas expetativas, desde a chegada à partida, experienciei sempre a cada dia ao máximo todas as atividades/visitas realizadas, posso afirmar que quero repetir a experiência. O que mais me impressionou neste Campo de Trabalho foi a entreajuda que existiu entre todos nós, em especial quando a camarata ficou inundada devido às cheias que aconteceram em Uva, parecia que o mundo iria acabar, todos a ‘remarem’ para o mesmo lado, todos a cooperarem na mesma causa, nunca pensei experienciar uma aventura destas.”
Tiago Cunha
“Eu gostei imenso da experiência, todas as atividades foram super enriquecedoras. Durante as duas semanas de trabalho aprendi imenso. O que mais me impressionou neste CTVI foi o trabalho em equipa, mesmo sendo todos diferentes na cultura, nas maneiras de ser, conseguimos trabalhar todos em conjunto e fazer aquilo que nos era pedido.”
Ana Brito
“Eu gostei muito deste CTVI, de cada momento e de cada tipo de trabalho. O que mais me impressionou foi, claro, a participação da comunidade durante o ‘Dia Aberto’, foi um prazer ver as pessoas a colaborar e a participar nas várias atividades que todos nós organizámos”.
Sara Palumbo (monitora)
“No aspeto da minha dimensão individual, esta experiência permitiu-me realizar um desejo constante, mas reprimido durante dois anos, de conhecer novas pessoas em novas dinâmicas, em lugares nunca antes vistos. Tive uma grande necessidade de o concretizar e ter satisfeito, para já, este desejo que, na realidade, nunca acaba, foi muito importante para mim. O outro aspeto que esta experiência me suscitou foi estar em grupo, levar uma vida comunitária durante 15 dias. As pessoas que conheci, as afinidades que encontrei, as atividades de trabalho e até o dormitório e a cozinha satisfizeram plenamente o meu desejo de passar o tempo numa dimensão comunitária, onde todos trabalham uns pelos outros. O contexto rural e o ambiente natural tiveram uma influência abrangente na minha serenidade física e mental. As paisagens naturais, mas também as das pequenas aldeias, absorveram-me totalmente num turbilhão de paz e tranquilidade. Um dos momentos que recordo com mais prazer foi o da chegada. Na noite da minha chegada a Serapicos, embora me sentisse exausto da jornada que começou de madrugada, não pude deixar de me alegrar com a calorosa receção que nos foi dada pelo dono do bar da vila, Felipe, que nos ofereceu um número imprudente de cervejas e corou ternamente os meus pais. Parabéns pela sua gentileza e pelo seu rosto bonito. Este Campo de Trabalho permitiu-me adquirir novos conhecimentos técnicos que considero importantes sobretudo para o meu crescimento profissional porque me permitiram colocar novas questões para as quais posso tentar procurar respostas no futuro: exemplos são as espécies invasoras como o eucalipto e o lagostim-vermelho-da-Louisiana, o papel que um pombal pode desempenhar ou mesmo as bases que me foram dadas para a construção de muros de pedra seca. A minha ideia para o futuro é aprofundar essas questões e sempre encontrar novas para pensar e me fazer outras perguntas”.
Teresa Carputo